03 fevereiro, 2009

da escalada da violência


Quando aqueles olhos atropelaram os meus, tive uma certeza taquicardíaca.

Para minha desgraça, ele era atraente. Olhos noturnos, movimentos lentos e aquele ar de segurança tranquila.

Eu queria sair correndo. Precisava achar a saída. Dele, daquilo, de mim.

Fiquei.

Visitei lugares estreitos enquanto meu corpo, alheio, convulsionava e seguia num turbilhão próprio.

Terminamos. Aprisionou minha mão em seu peito e adormeceu.
Uma farpa de sol cortou a retina. Levantei. Roupas espalhadas, destroços de um atentado. Visto o tailleur marinho e o scarpin preto. Lavo o rosto.

O homem ao lado permanece deitado. Inclino-me para recolher o colar na mesa-de-cabeceira. Quase desisto de ir. Quase.

Seis passos até a porta.

Fora.

Só depois, muito depois, me dei conta que seus olhos me vigiavam, tranquilos.

Não se despediu. Não precisava.

02 fevereiro, 2009

un oasis de verdad. donde yo te pueda amar.

a respiração entrecortada. a brevidade do gemido calado. os olhos e boca a espera do seu mar vertical.